Eis que no II semestre do ano de 2007 começa uma nova etapa em minha vida. Em setembro de 2007 a UESB deu boas vindas aos calouros do curso de licenciatura plena em Pedagogia. Eram 40 discentes, parte dos 40 rostos eram desconhecidos, e todos tinham fome e sede de conhecimento. Queriam se conhecer, conhecer os professores, enfim, sentir-se parte integrante do campo acadêmico. Afinal, éramos oriundos do ensino médio e de cursinhos e nosso propósito era ampliar os nossos horizontes. E a academia nos permite isso. Inicia-se aqui o I semestre, foram muitas descobertas, informações. Admito que (como diz um certo ditado popular) estava mais perdida que cego em tiroteio. Eram várias informações ao mesmo tempo, prazos a serem cumpridos rigorosamente e assim, o medo de não dá conta do recado. Aprendemos neste primeiro semestre que a Pedagogia é completa, pois é uma área do conhecimento que abrange muitas outras, tais como psicologia geral e as introduções a filosofia, sociologia e história da educação. Tais disciplinas serviram como o primeiro passo da longa caminhada. Esse I semestre foi de extrema importância para a continuidade do curso, pois é o norteador. Já no ano de 2008, os meus conhecimentos aprofundaram-se, pois, estava avançando para o II e III semestre. Sendo estes, os ancoradouros para mim, estudante de pedagogia. Afinal, tais semestres serviram de formação para o meu desenvolvimento. Neste semestre o que me encantava era a psicologia. Ficava fascinada ao estudar um pouco do comportamento humano e perceber que o que somos hoje, dependeu muito do que nos foi passado. E com isso percebia a tamanha responsabilidade que é imposta ao Pedagogo. Nós, estudantes de Pedagogia e consequentemente futuros pedagogos podemos tanto contribuir para uma boa, quanto para uma má formação na vida de um indivíduo, seja essa formação pessoal ou intelectual. A psicologia nos permite isso. Permite-nos olhar o indivíduo com outros olhos (não com olhos clínicos de um psicólogo, mas um olho de quem tem a capacidade de entender o que está por trás de certos comportamentos evidenciados pelos sujeitos) e não apenas julgá-lo como é feito com pessoas leigas.
Sem as contribuições da psicologia da educação, certamente não saberia que certos comportamentos manifestados pelas crianças são próprios de cada fase. Segundo Piaget a criança com 4 (quatro ) anos está no período pré-operatório e nesta fase, ela(criança) está sucessível ao novo e posteriormente ao desenvolvimento. Esta criança a nível comportamental estará atuando de modo lógico e coerente em função dos esquemas sensoriais motores adquiridos na fase anterior (período sensório-motor), e que ao nível de entendimento da realidade estará desequilibrada, em função da ausência de esquemas conceituais. É importante ressaltar que o ambiente social também contribui para formação humana. A criança que não tem acompanhamento familiar em suas fases de desenvolvimento no que se refere ao afeto, provavelmente repercutirá no mau desenvolvimento do aprendizado. a esse respeito Machado ressalta que:
Para a criança de zero a seis anos tudo está por se conhecer. A assimilação e o avanço no conhecimento dependerão no entanto, do significado que este possuir para ela. Assim, aspectos cognitivos e sócio-afetivos se entrelaçam nessa faixa etária.
Esta criança poderá apresentar comportamentos agressivos, os quais são formas de chamara nossa atenção. É como se falassem ei eu estou aqui, me perceba, preciso do teu carinho e tua atenção. É nesse exato momento que os nossos conhecimentos pedagógicos devem entrar.
Em 2009 percebi que o tempo estava avançando e com ele os meus horizontes iam ampliando, estava agora no IV e tão esperado V semestre. Digo esperado, porque a Pedagogia é uma área que abrange desde a educação infantil ao primeiro e segundo ciclo do ensino fundamental, portanto havia uma disciplina que serviria como divisor de águas, como o marco inicial. A disciplina de Educação infantil. Portanto, foi na disciplina de Ed. Infantil aplicada no mesmo que passei a conceber a criança como ser especial, portador de desejos, conhecimento, capacidades que necessita de orientação, cuidados físicos e psicológicos, e proteção legal.
É importante salientar que a atual visão de infância passou por várias mudanças, visto que na antiguidade a criança era considerada como ser irrelevante, sem nada de específico ou original, na sociedade ou mesmo como um adulto em miniatura e, só veio a ganhar um olhar diferente a partir da Revolução Industrial que por ter as suas mães trabalhando nas fábricas, foram obrigadas a frequentar instituições assistencialistas. Em contra partida, com a publicação da LDB (1996) o reconhecimento da Ed. Infantil no Brasil passa a ser parte integrante da ed. básica, sendo esta a etapa inicial:
Art.29: A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
A modificação dessa concepção de educação assistencialista significa estar atento para várias questões que vão além de aspectos gerais. É assumir as especificidades da Educação Infantil e trabalhar suas concepções sobre as relações entre as classes sociais, sobre a responsabilidade da sociedade civil e o papel do Estado para a valorização e desenvolvimento de suas capacidades como ser humano. Enfim, a Educação Infantil tem que ser um espaço onde se trabalhe no viés do educar e também do cuidar, pois em se tratando de crianças é essencial que favoreça o pensar autônomo para esta construir seu conhecimento a partir de suas interações, estabelecidas com os outros e com o meio. A educação infantil deve ser o espaço para trocas, buscas, questionamentos que desenvolva a formação do indivíduo crítico, criativo e autônomo.
Assim, Bassedas, Huguet e Solé (1999), defini a evolução da criança na Educação Infantil dentro de três áreas: área motora, que é referente a capacidade de movimento do corpo (tanto global como específico); área cognitiva que é responsável pelas capacidades mentais que permite a criança a fazer sua compreensão de mundo e a área afetiva que engloba os aspectos relacionados ao equilíbrio emocional, ou seja, o equilíbrio inter-pessoal.
A disciplina educação infantil nos dar suporte para ampliar o entendimento dos vários processos das crianças. E tudo isso acontece de forma minuciosa no sexto semestre através das metodologias aplicadas. Tais como: Metodologia da alfabetização, disciplina em que esclarece um pouco a respeito das fases das crianças, seu desenvolvimento na escrita, a importância do acompanhamento da família e da escola nas fases o que de certa forma, serve como base para o seu amadurecimento Psico-social e educacional. Vale ressaltar que a disciplina avaliação da aprendizagem foi de muita valia, pois, a mesma nos proporciona uma bagagem esclarecedora a respeito das diversas de fases do ensino de modo geral, alguns teóricos foram estudados, exemplificando Luckesi que é considerado como um clássico da avaliação brasileira. Assim através das disciplinas citadas comecei a ter uma melhor visão de como seria está em uma sala de aula.