sexta-feira, 17 de junho de 2011

Reflexões do Estágio: Relatos de um amor de pra recordar...


A hora do Sim... 
O Choque com a realidade...

      Diante desses preparativos, eis que é chegada a hora de dizer o sim e confirmar a união. O compromisso foi firmando, não podemos mais voltar atras. Este é o momento de apreensão para muitos estudantes, é um dos mais esperados(por isso comparo ao casamento, pois a maioria da mocinhas sonham com este dia). Quantas expectativas, idealizações. E, durante o período de regência (casamento) foram construídos os planos de aula procurando sempre desenvolver metodologias que alcance os objetivos propostos. O períodos de regência se deu em 20 longos e árduos( também divertidos) dias( quatro semanas). Sendo valores o tema do estágio, foi estipulado que cada dupla ficaria com um valor para ser trabalhado em cada semana, sendo este socializado para o grupo. Dessa forma o nosso tema foi oportuno, pois o valor que foi-nos atribuído foi o amor. Destarte, tivemos que preparar as intervenções, buscando envolver atividades propícias para as crianças que encontravam-se na fase silábica alfabética e que faziam parte da 2ª série (ano 3), ciclo I da Escola Municipal Vilma Brito Sarmento. Porém, este não foi o primeiro tema a ser trabalhado na primeira semana.
       As pessoas costumam dizer que os primeiros meses do casamento são como um mar de rosa. Este o foi, porém, nossas rosas eram acompanhadas de espinhos. É assim, que me refiro a primeira semana de estágio, pois não foi fácil! Foi uma fase de adaptação (nossa e dos alunos). Ao chegar a sala, percebia que no início as crianças eram inquietas e pouco gostavam de fazer atividade. Isso era devido a quebra de rotina, pois como ressalta Machado; “adaptar-se significa superar estágios diferentes”.E ainda acrescenta:As crianças ficam mais agressivas, agitadas. As vezes tem atitudes destrutivas em relação ao trabalho e também aos materiais da escola”. Não discordo do autor, pois nossa sala era bastante agitada, nós chegamos com inúmeras estratégias para prender a atenção dos alunos( combinados, coraçõezinhos com as cores verde- livre para falar -, amarelo- esperar a sua vez de falar – e rosa- fazer silêncio-).
      Nesse primeiro dia apresentamos às crianças o nosso quadro cognitivo, falamos também sobre a importância de estar trabalhando com valores. E eis que em meio a estas discussões uma de nossas alunas indaga-nos com a seguinte pergunta: Pró Rose, vocês são professoras ou estão se fazendo de professoras?” esta pergunta soou-me como uma ofensa, no momento respirei fundo e dei a devida resposta para minha querida aluna. Esta pergunta se deu pelo fato de não estarmos presas ao quadro negro (giz, infelizmente) e sim promovendo uma roda de conversas, interações, um momento de reflexão, algo que os alunos não estão acostumados a vivenciar, pois as aulas são extremamente tradicionais, pautadas no método copista, e que consequentemente gera alunos condicionados a apenas copiarem(ação sem reflexão). Descrevo esta semana como impactante! Foi um verdadeiro choque com a realidade, confesso que na sexta-feira me senti frustrada. O que é normal, segundo Tardif em seu texto “O choque com a realidade”, pois, saímos de aluno à professor( vale ressaltar que teoria e prática não são parceiros ao longo do curso). De acordo com Veenman(1984, p. 143, in Tardif 2002):
este conceito de choque indica o corte que se dá entre os ideais criados durante a formação inicial e a rude realidade do dia a dia numa sala de aula, não podendo, pois, circunscrever - se a um período limitado de tempo, trata - se antes de um processo complexo e prolongado”.
       Destarte, este é o momento que inclui a percepção dos problemas (de ordem física e psíquica); mudanças de comportamento e atitudes ( as quais incluem alterações quanto a crença do professor, ou seja, deixar de acreditar nos métodos construtivistas e adotar os tradicionalistas); mudança de personalidade ( no meu caso, de menina meiga à rígida); abandono de profissão( sendo este o mais grave e sincero, pois grande parte do fracasso da educação está nos professores que não são compromissados com o ato de ensinar) .
         O sentimento de frustração foi acompanhado com o de superação, pois, nos finais de semana buscamos alimentar as nossas forças para na segunda-feira entrarmos na sala com o pé direito, buscando superar os desafios. O tema à ser trabalhado foi amizade. Esta, não diferente da primeira semana, não foi fácil de controlar, pois as crianças continuavam indisciplinadas(principalmente na segunda feira, depois de ter passado o final de semana completamente com suas famílias e seus dilemas). O que me fazia refletir sobre a época em que também era parte integrante de um ensino fundamental I. Época em que os professores eram respeitados, afinal, os valores eram outros, pois o que a escola construía, a família reforçava(incluo aqui a família pelo fatos de ser um pivô na construção do caráter e também porque a criança passa 20 horas em seus lares, muitos destes com seus problemas sócio afetivos, o que desencadeará em um mau comportamento em sala de aula). Porém, diante de tantos dilemas, houveram momentos em que realizamos uma espécie de terapia(feedback) . Um momento riquíssimo em que discutimos (compartilhamos) os nossos dilemas. Este era o momento de trocar as experiencias, métodos relatar as angústias, procurar soluções. Denominei este momento como ancoradouro, pois era o que nos dava sustento, o que recarregava as nossas energias.

Bem, cada novo dia que chegava a sala de aula cumpria-se uma rotina. Todos ficavam de pé em formato de rodinha e assim, faziam a oração, cantava algumas músicas e falava um pouco da temática do dia. Nas atividades desenvolvidas em sala de aula procuramos (eu e Cíntia) abranger os mais diversos conteúdos. Pois, trabalhava com eles (alunos) a questão dos valores, culminando com a alfabetização e letramento. Nesse período de regência posso salientar que passei por momentos de grande emoção. Todo o esforço e noites perdidas, tinha intuito de capacitar seres que passavam por processo de maturação. Confesso que não foi fácil, mas aos poucos podia perceber o desenvolvimento de cada um.

Porém, com o passar dos dias, as crianças foram se envolvendo mais, ficavam mais participavas, enfim, sentiam prazer em traçar as linhas de seu próprio nome. E além de tudo isso envolviam-se ainda mais pelo fato de estarem sabendo que construiriam panfletos à serem entregues à comunidade local no dia da passeata pela paz. Concebo esta atitude como um avanço, pois existiam alunos que não procuravam interagir com o grupo. Isso para mim foi muito gratificante.

E como tudo tem seu começo, meio e fim, o término da regência ocorreu no dia 03 de junho, culminando com uma passeata pela paz nas ruas do bairro e distribuição com a distribuição dos panfletos para os moradores e logo aós a caminhada foi servido um delicioso cachorro quente, seguido da entrega dos envelopes com as atividades realizadas ao longo do período de regência. Lembro-me da minha felicidade. Concluí o estágio com o sentimento de dever cumprido, pois, todos os momentos vividos nesse período de observação, diagnóstico e regência, tornaram-se primordiais para o meu crescimento acadêmico, pessoal e profissional.


Um comentário:

  1. Roseane,

    Quanta reflexão importante menina! Quantas aprendizagens nesse início de docência. Você conseguiu articular de forma fundamentada e bem humorada teoria e empiria. Parabéns!

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